O Candomblé é uma religião rica em tradição, beleza e significado, embora ainda seja pouco compreendida por muitas pessoas.
No Brasil, país conhecido por sua diversidade cultural e religiosa, a maior parte da população se declara cristã e, por isso, ainda existem muitos preconceitos em relação às religiões de origem africana.
Por isso, para ajudar a superar essas barreiras e ampliar o conhecimento, apresentamos informações importantes sobre o Candomblé, mostrando como essa fé é benéfica para seus praticantes e essencial para a cultura brasileira.
Origem do Candomblé no Brasil
Antes de entender melhor a religião em si, é fundamental conhecer a sua origem. O Candomblé chegou ao Brasil entre os séculos 16 e 19, trazido pelos africanos escravizados, especialmente das regiões da África Ocidental.
Enquanto muitos brasileiros seguiam o catolicismo, os africanos mantinham viva a conexão com seus orixás, que são entidades espirituais ligadas às forças da natureza
Orixás no Brasil e na África
Além disso, é importante destacar que na África existem mais de duzentos orixás cultuados em diferentes regiões.
No Brasil, entre 15 e 20 orixás são tradicionalmente reverenciados. Isso ocorre porque os orixás trazidos para cá são aqueles que os escravos já conheciam e cultuavam, vindos das regiões africanas das quais vieram.
Essa preservação foi fundamental para a manutenção da identidade cultural e espiritual dos povos africanos no Brasil.
O que são os orixás e o Deus supremo
Compreender o papel dos orixás é essencial para entender o Candomblé. Ao contrário do que muitos imaginam, os orixás não são considerados deuses nem santos no Candomblé.
Eles são entendidos como forças da natureza que governam aspectos da vida e do universo, como o rio, a floresta, o fogo e a guerra.
Olodumaré: o Deus primordial
Além dos orixás, o Candomblé reconhece a existência de um Deus supremo, primordial e criador, chamado Olodumaré, Olorum ou Zambi, dependendo da região e do terreiro. Esse Deus está acima de todas as entidades e é responsável pela criação do mundo.
O sincretismo religioso e suas origens
Agora que já entendemos quem são os orixás e o Deus supremo, vale a pena conhecer o contexto histórico do sincretismo no Candomblé. Ao visitar um terreiro, é comum encontrar imagens de santos católicos junto aos símbolos dos orixás.
Essa mistura visual tem origem no período da escravidão, quando os africanos precisaram ocultar suas crenças para evitar perseguições pelos colonizadores portugueses.
Associação entre orixás e santos católicos
Para proteger suas religiões, os escravos associaram orixás a santos católicos com características semelhantes. Por exemplo, o orixá guerreiro Ogum é sincretizado com São Jorge, santo conhecido pela sua valentia e proteção, refletindo a figura do guerreiro.
Diferenças entre Candomblé e Umbanda
Embora ambas as religiões tenham raízes africanas, Candomblé e Umbanda apresentam diferenças significativas em suas práticas e origens. Portanto, compreender essas distinções ajuda a valorizar cada tradição.
Candomblé: tradição africana preservada
O Candomblé mantém mais fielmente as tradições e rituais africanos, valorizando os cultos aos orixás e suas práticas específicas.
Para entender melhor as principais diferenças entre Candomblé e Umbanda, suas origens, práticas e características, confira nosso artigo completo sobre as diferenças entre Umbanda e Candomblé.
Umbanda: religião brasileira sincrética
Por outro lado, a Umbanda surgiu no Brasil como uma religião nova, que combina elementos do Candomblé, do espiritismo e de outras crenças, resultando em uma prática distinta, com seus próprios rituais e formas de culto.
O Dia do Candomblé e sua importância cultural
É importante destacar que, em janeiro de 2023, foi sancionada a Lei nº 14.519, instituindo oficialmente o Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé, comemorado em 21 de março.
Essa data foi escolhida para coincidir com o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, estabelecido pela ONU, reforçando o simbolismo de resistência e valorização das culturas afro-brasileiras.
Portanto, o dia 21 de março tornou-se uma data fundamental para celebrar a riqueza cultural e espiritual das religiões de matrizes africanas no Brasil, como o Candomblé e a Umbanda, além de promover o respeito e combater o preconceito religioso.
Mitos e verdades sobre o Candomblé
O Candomblé é cercado por muitos mitos que geram preconceito e desinformação. Por isso, é fundamental separar o que é verdade do que é apenas boato. Confira alguns dos principais pontos:
Mito 1: o Candomblé é uma religião de magia negra
Verdade: o Candomblé é uma religião de matriz africana focada na conexão com a natureza, os ancestrais e os orixás. Não tem relação com práticas maléficas ou magia negra, que são equívocos frequentemente associados por preconceito.
Mito 2: os orixás são deuses iguais aos santos católicos
Verdade: os orixás são forças da natureza que regem aspectos da vida, diferentes dos santos católicos, embora exista sincretismo para proteção histórica.
Mito 3: o Candomblé exige sacrifícios de animais com crueldade
Verdade: os sacrifícios são rituais tradicionais realizados com respeito e seguem regras específicas para garantir a dignidade dos animais. Além disso, muitas práticas envolvem oferendas simbólicas.
Mito 4: quem frequenta o Candomblé abandona outras religiões
Verdade: muitas pessoas praticam o Candomblé de forma complementar a outras crenças, respeitando suas origens religiosas.
Glossário
Para facilitar a compreensão dos termos usados no Candomblé, veja alguns conceitos importantes:
Orixás: entidades espirituais ligadas às forças da natureza, como rios, florestas e ventos, cultuadas no Candomblé.
Axé: energia sagrada e força vital que circula em tudo e é fundamental nos rituais.
Terreiro: espaço sagrado onde ocorrem os cultos e cerimônias do Candomblé.
Babalorixá / Ialorixá: líderes espirituais do terreiro, homens e mulheres responsáveis pelos rituais e ensinamentos.
Ebó: oferendas e rituais de limpeza espiritual.
Egun: espíritos ancestrais cultuados para proteção e ligação com o passado.
Sincretismo: associação histórica dos orixás com santos católicos, utilizada para proteção durante a escravidão.
Desmistificar esses pontos ajuda a promover mais respeito e entendimento sobre essa importante tradição religiosa.
Em resumo, conhecer o Candomblé é fundamental para valorizar a diversidade cultural brasileira e respeitar as tradições que fazem parte da história do país.
Essa religião não só conecta seus praticantes às forças da natureza e aos ancestrais, mas também representa um símbolo de resistência e identidade.
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